segunda-feira, janeiro 05, 2009

DIA NÃO


Hoje estava "naqueles dias" ressabiada com tudo, o tempo frio, as poucas horas de sono, o trabalho, a minha fraca memória (que já foi grande, gigante e agora nem de carregar o telemóvel se lembra), o facto de estar "naqueles dias", enfim... estava chata.
Então resolvi comentar com a minha Dra. S. que na farmácia era raro puxarmos pela cabeça, que o trabalho era muito rotineiro e que não se aplicava nada do que se tinha aprendido na faculdade... - Que feliz ideia a minha! É sempre tão bom falar e ter discussões construtivas quando estamos num DIA, claramente, NÃO!

Asneira! Porque claramente quem não pensou fui eu!
É certo que para dar entrada de encomendas, conferir, organizar receitas, corrigir receitas, não é preciso ser génio nenhum, é um trabalho que implica apenas atenção.
Também é certo que como estagiária, ainda não me sinto inteiramente à vontade ao balcão, ainda leio 2 vezes receitas escritas à mão e (re)confirmo com colegas os medicamentos escritos (sim, letra de médico é coisa feia, muito feia), ainda respiro fundo quando os utentes me soltam uma pergunta para a qual não me sinto preparada e me passo com clientes mais... rudes.
Mas não será essa a parte mais interessante? Não será essa a parte que mais exige de mim? E que mais pensamento requer?

A parte que eu tanto procuro está mascarada pela parte onde me sinto menos confortável mas, como já dizia o ditado, quem não arrisca, não petisca!

A Farmácia

"Desconhecido que chegas, não sabes com que ternura te recebo.
Sou a farmácia do teu bairro e eis que existo para te proteger contra ti mesmo.
Vê como a tua vida se entrelaça em mim, no tempo e antes dele: desde muito cedo assisti-te, quando no seio materno eras ainda, e apenas, a vida - esperança dos teus pais (Ah! Que não te lembras como então dependentes de mim e quanto!).
Depois, o rolar das noites e dos dias...
Na emboscada sou hoje a boa samaritana que possui o unguento para as tuas chagas e o bálsamo para as tuas dores.
Em verdade, em verdade te digo - o solo que pisas não é o chão duma casa de comércio comum.
Sou o templo iluminado dentro da noite, o plantão nocturno que vela, que vela, que vela, enquanto dormes, para que durmas melhor.
Confiança, respeito, gratidão.
Se é o que pensas de mim, abençoado sejas."
J. Vitalino

1 comentário:

Anónimo disse...

atira te de cabeça, sem medo, arrisca!

 
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