"Arranja um emprego que gostes e não terás que trabalhar nenhum dia da tua vida."
Eu não trabalho no que gosto mas, vendo bem, quem o faz?
Poucos serão os felizardos.
Poucos serão os felizardos.
Não me posso queixar, afinal, até sou boa a fazer aquilo em que não sou boa. Fui para a área que menos tinha a ver comigo e para a qual menos jeito tinha, nunca soube o que era estudar e nem me saí mal: média de dezasseis, curso tirado, nenhum ano chumbado, presentemente 6 dias da semana nisto e alegria no trabalho.
Contudo, é inevitável sonhar como teria sido eu naquilo que gosto? Nas letras, nas artes, no que me põe um "brilhozinho" nos olhos?
Até onde teria ido?
O que teria sido?
Uma pintora aclamada?
Uma poetisa admirada?
Uma tradutora de sucesso?
Uma ilustradora respeitada?
Nunca saberei mas sei que, mesmo que não chegasse longe, sentir-me-ia mais realizada.
É difícil fazermos todos os dias o que não nos apaixona, tantos de nós o fazem e ninguém deveria ter que o fazer.
Como alguém muitas vezes me disse: "o que custa não é viver, é saber viver".
E eu sei viver. Eu sei que cada dia tenho que fazer o que não gosto, para ter dinheiro para um dia poder ter tempo para fazer o que gosto.
Não morremos todos assim?
Não morremos todos assim?