quinta-feira, outubro 25, 2012

O tempo ensina




















Hoje a minha amiga J. falava-me da lição que aprendeu da pior maneira mas que guarda sempre consigo:
"Quem gosta, dá segurança."

terça-feira, outubro 23, 2012

The chase














O  jogo do Gato e do Rato é uma perdição para alguns. Eu sou fã - no início, confessemos, tem a sua piada. Ontem com a tia, a propósito dum filme, a opinião dela era clara:

"Como tudo o que é demais, é erro. É erro quando levado a cabo por anos e anos. Acho que deve chegar a um ponto em que o que está atrás cansa-se. Cansa-se de correr pelo que não lhe querem dar (ou assim fazem entender), cansa-se de não ter quem corra atrás dele, de não ter quem lhe queira dar carinho e atenção de livre e espontânea vontade."
 
Fala-se muito, especula-se, sobrevaloriza-se, contudo a verdade é que este jogo, muitas vezes, não passa duma ratoeira: até parece boa ideia ao longe mas de perto...
Afinal, como a frase nos diz, se não nos é dado de livre vontade, talvez não valha a pena ter.

sexta-feira, outubro 19, 2012

Ainda referente ao post anterior


"Quando se é feliz muito novo a única obsessão que se tem é aguentar a coisa. Vive-se ansiosamente com a desconfiança, quase certeza, da coisa piorar. O pior é que as pessoas que se habituaram a ser felizes não sabem sofrer. Sofrem o triplo de quem já sofreu. É injusto, mas é assim.
No amor é igual. Vive-se à espera dele e, quando finalmente se alcança, vive-se com medo de perdê-lo. E depois de perdê-lo, já não há mais nada para esperar. Continuar é como morrer.
As pessoas haviam de encontrar o grande amor das suas vidas só quando fossem velhas. é sempre melhor viver antes da felicidade, do que depois dela."
Miguel Esteves Cardoso

quinta-feira, outubro 18, 2012

O Casamento e o Funeral


Ontem, infelizmente, fui a um funeral dum familiar duma amiga.
Foi triste, como são todos, mas este custa particularmente por ser de um homem novo, nos seus quarentas, com um filho adolescente. A irmã tentava manter-se firme, as sobrinhas estavam cabisbaixas, o pai dele desolado, os primos inconsoláveis. Foi duro para todos... mas ninguém sofria como a mulher.
Foi quando a cumprimentei que não me contive. O que se pode dizer num momento como este, se nada do que digamos reconforta? Senti-me impotente, senti-me ridícula. Eu, ali a chorar, abraçada a ela sem sequer conseguir imaginar o que estaria a sofrer. Ninguém pode imaginar.
No fundo, o funeral termina, cada um vai para sua casa, o pai tem a sua vida refeita, a irmã tem a sua família, e cada um volta para os seus lares. E a viúva? O lar com a família que ela conhecia já não existe, já não é um lar, é só uma casa. O namorado com quem ela fez planos, casou, teve um filho, não volta mais, só na memória dela. É ela quem vai dormir sozinha, quem vai levar o filho à escola, estar presente nas entregas de diplomas, estudar com ele se for preciso e ralhar com ele quando for preciso. É ela que vai lidar com as perguntas mesmo tendo já que lidar com a sua própria dor.
Mãe é mãe e pai é pai, mas quando crescemos, nos tornamos adultos e partilhamos a vida com outra pessoa, ninguém nos vai conhecer tão bem quanto ela. É a nossa companhia, é quem está a nosso lado nos dramas e nas alegrias da vida, nas pequenas conquistas diárias, nas discussões e nas aflições, quem nos chama à atenção quando algo está errado e quem festeja connosco quando algo corre bem.
E quando a nossa cara metade desaparece para sempre, a vida muda para sempre. É começar do zero com a lembrança constante de que um dia já fomos felizes. Quem nunca foi, não sabe, quem não sabe é como quem não vê e, para quem não vê, é mais fácil seguir em frente. É sempre mais fácil seguir em frente quando ainda não se foi feliz.
 
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